mercado de criptomoedas da narrativa econômica: a visão supera os indicadores, as emoções precedem as aplicações - ChainCatcher

Título original: Economia narrativa nos mercados de criptomoedas

Autor original: jawor

Texto original traduzido por: Felix, PANews

"O cérebro humano é naturalmente bom em contar histórias. E a economia é baseada nas decisões humanas." — Robert J. Shiller (economista americano, vencedor do Prêmio Nobel de Economia)

1. Narrativa como motor de mercado

Em dezembro de 2017, aconteceu algo estranho. Aqueles que nunca se preocuparam com o mercado de criptomoedas começaram a perguntar como comprar bitcoins. Não porque tivessem lido o white paper, nem sequer entendiam o que era a blockchain. Eles apenas ouviram uma história: conheciam alguém que ganhou dinheiro que mudou sua vida.

Isso é suficiente.

Na economia narrativa, como é chamada pelo laureado com o Prêmio Nobel Robert J. Shiller, as criptomoedas são o solo mais fértil: narrativas contagiosas que influenciam o comportamento do mercado são tão poderosas quanto, ou até mais do que, fatores macroeconômicos tradicionais como taxas de juros ou PIB.

Os pequenos investidores mudaram as regras do jogo. No setor financeiro tradicional, o capital geralmente flui através de canais estruturados: gestores de fundos, analistas, relatórios de investidores. Mas agora, o capital flui através de memes, postagens virais e grupos de qualidade no Telegram. A narrativa tornou-se o novo fundamento. E no setor das criptomoedas, isso se manifesta de forma mais clara.

Quando o mercado aquece, a narrativa torna-se um fator importante na alocação de capital. Não é o white paper, não é o balanço patrimonial, mas sim a crença.

O ponto central é: a volatilidade do mercado de criptomoedas não depende da tecnologia, do crescimento de usuários ou da receita (pelo menos não no início). Depende da crença, e a crença é construída sobre histórias cativantes.

2. Como a narrativa funciona: vírus com capital

Robert Shiller acredita que a disseminação de narrativas econômicas é como um vírus. A narrativa mais poderosa não precisa ser verdadeira — apenas precisa ser contagiosa. Elas apelam para emoções, sentimentos de identidade e a psicologia do FOMO. E no campo das criptomoedas, essa disseminação é instantânea, global e amplificada por algoritmos.

Uma narrativa típica geralmente começa com uma ideia semente: o Bitcoin é ouro digital. O Ethereum é um computador mundial. DeFi é o novo sistema bancário. Essas ideias são simples, intuitivas e emocionalmente atraentes. Uma vez que essa narrativa se populariza, ela começa a remodelar as percepções de valor das pessoas.

Um ciclo de vida de uma narrativa criptográfica poderosa geralmente segue o seguinte percurso:

• Uma narrativa nasce: alguém escreve um artigo de blog, um influenciador chave sugere uma tendência, ou um fundador carismático articula uma visão.
• Esta narrativa espalhou-se através de plataformas sociais, canais do YouTube e Discord.
• À medida que a influência da narrativa aumenta, ela mudará a forma como as pessoas pensam. Mesmo que não haja nenhuma mudança na cadeia, os ativos relacionados parecem ter mais valor.
• Capital a entrar, a perseguir esta narrativa.

Frequente é a discussão sobre efeitos de rede no contexto técnico. Mas a própria narrativa também possui efeitos de rede. Quanto mais as pessoas acreditam em uma história, mais real ela se torna: isso acontece a nível social, a nível econômico e, por fim, a nível financeiro.

Existem dois elementos-chave que podem tornar uma narrativa mais impactante:

• Um rosto familiar: uma figura que pode representar esta narrativa. Pense no mistério de Satoshi Nakamoto, na sabedoria de Vitalik ou na capacidade produtiva de Anatoly. As pessoas são atraídas por rostos.
• Uma narrativa familiar: grandes narrativas muitas vezes ecoam enredos que as pessoas conhecem. Por exemplo, a reversão dos fracos, os rebeldes, a revolução. As criptomoedas se encaixam perfeitamente nesses temas. Elas são anti-banco, anti-sistema e apoiam a liberdade.

No final das contas, na área das criptomoedas, a narrativa não é uma camada adicional sobre o produto. A narrativa é o próprio produto.

3. Estudo de Caso: A Narrativa que Cria Mercado

Bitcoin: Ouro Digital

Em 2020, o Bitcoin em si não mudou. O que mudou foi a percepção das pessoas sobre ele. A narrativa mainstream mudou de "dinheiro ponto a ponto" para "ouro digital". De repente, o Bitcoin foi posicionado como um meio de proteção contra a inflação, tornando-se um porto seguro na era da impressão de dinheiro. O que atraiu a MicroStrategy ou a Tesla não foi a tecnologia do Bitcoin, mas sim essa ideia.

A misteriosa lenda de Satoshi Nakamoto também desempenhou um papel. Este fundador desaparecido torna a história mais atraente. Não se trata apenas de código - é um movimento.

Ethereum: O Computador Mundial

Quando o Ethereum foi lançado, quase não havia dApps disponíveis. Mas a sua ideia - uma plataforma descentralizada em que qualquer um pode construir aplicações inquebráveis - é extremamente atraente. A expressão "código é lei" ressoou profundamente. O mercado não compra a situação real, mas sim o potencial.

O Ethereum torna-se valioso, não pela sua situação atual, mas pela sua promessa.

O Verão DeFi de 2020

Durante o verão do DeFi, as taxas de rendimento eram absurdamente altas. Mas o principal motor não era a taxa de juros anual (APR), mas sim a narrativa: finanças sem permissão, ser seu próprio banco, uma linguagem financeira que não está sujeita a bancos ou fronteiras nacionais. Essa ideia se espalhou rapidamente. A maioria dos protocolos tinha quase nenhuma receita, os usuários eram escassos, e a economia dos tokens tinha suas falhas – mas isso não importava. A narrativa em si era suficiente para sobrepujar a realidade.

NFT como propriedade cultural

Por que é que algumas pessoas estão dispostas a gastar milhões de dólares na compra de uma imagem JPEG? Porque os NFTs não se tratam apenas da imagem em si - mas sim de identidade. A narrativa é simples e atraente: a propriedade digital irá redefinir a arte, a música e o status. Possuir um "macaco entediado" não é por razões estéticas, mas para exibir identidade.

A narrativa em si é mais importante do que o produto. Essa é a razão do seu sucesso.

Tokens de IA de 2023 - 2024

Alguns projetos com funções de produto escassas e receita zero dispararam apenas por causa da frase "AI + criptomoeda = futuro". O conceito de IA, que já era muito procurado nas finanças tradicionais (TradFi), agora também se espalhou para o campo das criptomoedas, trazendo uma grande quantidade de capital especulativo. A utilidade não é importante; a narrativa é a chave.

Os tokens meme que contêm a palavra "agente" no nome dispararam 10 vezes. Os fundadores estão a adicionar "IA" nos roteiros. Os investidores estão otimistas quanto ao seu potencial, mesmo que neste momento seja apenas conversa vazia.

4. Por que o mercado de criptomoedas é especialmente suscetível a narrativas

As criptomoedas carecem de referências tradicionais de avaliação: não há balanço patrimonial, não há relação preço-lucro e não há documentos regulatórios. Isso torna o setor especialmente suscetível à influência de narrativas em vez de fundamentos.

Além disso:

• Este é um mercado dominado por investidores individuais e prospera através da especulação.
• A cultura meme que se espalha rapidamente através das redes sociais.
• Liquidez dos tokens e listagem sem permissão.

Estes fatores criam um ambiente perfeito para o comportamento de preços impulsionado por narrativas. Em outros mercados, as narrativas são apenas um fenômeno secundário. Mas no campo das criptomoedas, elas são o motor.

O preço das criptomoedas não é baseado na situação atual, mas sim no futuro possível.

5. Vantagens: narrativa de negociação

Num mercado impulsionado pela narrativa, a vantagem vem do reconhecimento precoce.

Os traders e fundos inteligentes não se limitam a analisar gráficos ou ler códigos. Eles prestam atenção ao aspecto social: quem está tweetando, qual é a intensidade dos memes, se há interação emocional e se a narrativa está passando de nicho para mainstream?

Aqui estão algumas narrativas populares:

• Blockchain modular: "novo espaço de design"
• Solana torna-se o novo Ethereum: "rápido, barato e limpo"
• RWA:"Rendimento e conformidade em equilíbrio"
• Finanças descentralizadas por meio de agenciamento: "O protocolo de IA que pensa por você"

Cada narrativa segue o mesmo ciclo de vida:

• Faísca: Esta ideia surgiu nas conversas alpha e nas discussões iniciais.
• Propagação: as pessoas influentes amplificam isso.
• Frenesi: todos estão envolvidos, os tokens disparam.
• Desilusão: o produto não foi entregue, o interesse diminuiu.
• Sair ou evoluir: a narrativa ou morre ou se transforma.

O timing é crucial. Se você entrar na segunda fase e sair antes da quarta fase, você estará seguindo a tendência. Se perder o ciclo, você só poderá carregar o "fardo" da narrativa.

6. Pode-se investir na narrativa?

Claro que sim. Na verdade, na fase inicial do investimento em criptomoedas, a narrativa é uma das poucas estruturas razoáveis.

Robert Shiller apresentou um argumento convincente: ignorar a narrativa é ignorar as forças macroeconômicas. No campo das criptomoedas, isso é amplificado. A narrativa não apenas reflete o mercado, mas também cria o mercado.

À medida que as criptomoedas se aproximam do sistema financeiro tradicional, algum ruído pode diminuir. Mas este setor sempre atrairá especuladores, sonhadores e construtores, que valorizam mais a visão do que os indicadores.

No campo das criptomoedas, as pessoas mais bem-sucedidas nem sempre são os engenheiros mais brilhantes, mas sim as que melhor interpretam o sentimento do mercado.

Por isso, é importante acompanhar a narrativa a longo prazo, prestar atenção às dinâmicas da comunidade (CT) e acompanhar as últimas tendências. A narrativa pode não ser codificada, mas sim escrita.

Se as criptomoedas são uma grande narrativa, talvez os melhores traders sejam aqueles que leem alguns capítulos antes.

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