Uma mudança inovadora vem da Cloudflare: o gigante da infraestrutura da Internet bloqueia os principais crawlers de IA para defender o conteúdo online. Esta decisão redefine o equilíbrio entre criadores, empresas de tecnologia e consumidores, prometendo revolucionar a gestão e proteção de dados na web.
Lutar contra crawlers de IA: a decisão da Cloudflare
A Cloudflare lançou, a partir do primeiro de julho, uma ofensiva contra as principais empresas de inteligência artificial que coletam dados de websites sem autorização. Como afirmado pela própria empresa, os crawlers de IA serão bloqueados por padrão em todos os novos sites que adotem a Cloudflare, a menos que os proprietários concedam permissão explícita. No passado, no entanto, eram os gestores dos sites que tinham que excluir ativamente os bots de IA da coleta de seus dados.
Esta inversão de lógica protege mais de 20% da web, a parte coberta pelos clientes da Cloudflare, e responde aos crescentes relatos de lentidões e interrupções causadas por fluxos extraordinários de pedidos automatizados provenientes de bots de grandes nomes de IA como o GPTBot da OpenAI e o ClaudeBot da Anthropic.
Impacto dos crawlers de IA: os números do fenómeno
O volume de tráfego gerado por bots de crawling de IA atingiu níveis impressionantes. Por exemplo, o GoogleBot detectou que a Vercel, um serviço de alojamento em nuvem, recebe mais de 4,5 mil milhões de pedidos por mês desses softwares. Ao contrário dos crawlers normais de motores de busca, os bots de IA tratam os servidores de forma agressiva, visitando as mesmas páginas várias vezes dentro de poucas horas ou bombardeando sites com centenas de pedidos por segundo.
O resultado? Sites mais lentos, dificuldades de acesso para usuários reais e uma sensação generalizada de estar sujeito a uma verdadeira "extração" de conteúdo sem regras ou compensação. Vários editores e empresas, desde a Associated Press até a Condé Nast e a Ziff Davis, denunciou a prática de coleta massiva e não autorizada por parte das grandes tecnologias de IA.
Novas regras e tecnologias para defender os conteúdos
A medida da Cloudflare não se limita a uma proibição superficial. A empresa anunciou de fato o uso de aprendizado de máquina e análise comportamental para detectar até mesmo os chamados "shadow scrapers", bots disfarçados que tentam contornar bloqueios convencionais. Desta forma, não apenas os crawlers declarados, mas também as tentativas mais sofisticadas de scraping serão interceptadas.
Além disso, os fornecedores de IA agora terão de solicitar permissão antes de poderem aceder aos dados, indicando claramente os objetivos de utilização, seja para treino de algoritmos ou funções de pesquisa simples. Assim, a Cloudflare devolve aos editores a capacidade de decidir quem pode interagir com as suas informações.
Os protestos dos principais grupos editoriais favoreceram o nascimento desta nova política. Os atuais sistemas de exclusão, como o tradicional robots.txt, são frequentemente ignorados por bots de IA, que tendem a “minar” a web sem seguir as regras de respeito pela propriedade intelectual digital.
Pagamento por Crawl: rumo a um novo modelo económico para conteúdo
A revolução assinada pela Cloudflare também introduz outra novidade: o programa Pay Per Crawl. Este sistema, atualmente em fase beta privada, permitirá que os editores definam preços de acesso para aqueles que desejam usar o seu conteúdo para fins de treinamento de IA. O acesso será autorizado apenas mediante pagamento, ou negado de outra forma.
Do ponto de vista técnico, a Cloudflare usará o código HTTP 402 "Pagamento Necessário", retornado a crawlers não habilitados. Uma solução potencialmente eficaz, já pronta para implementação graças à sua compatibilidade com os sistemas web existentes.
Reações do mundo da IA e questões regulatórias
A decisão da Cloudflare influencia diretamente as empresas de IA, que até agora têm sido relutantes em pagar licenças ou taxas. Nicholas Thompson, CEO da The Atlantic, enfatizou como até agora as empresas podiam agir com impunidade, enquanto agora terão que negociar e reconhecer a propriedade do conteúdo. Por outro lado, alguns líderes do mundo da tecnologia, como Nick Clegg da Meta, alertam que a introdução de restrições rigorosas pode comprometer o crescimento e a inovação no setor de IA.
O debate também se estende ao nível regulatório. Um relatório do Escritório de Direitos Autorais reconheceu que certos usos de tecnologias generativas podem ser "transformativos". No entanto, a coleta maciça sem consentimento não pode ser considerada uso justo. Uma posição que teve repercussões institucionais significativas, incluindo a substituição imediata do chefe do Escritório de Propriedade Intelectual pela administração Trump.
O futuro da proteção de conteúdo online
A iniciativa da Cloudflare transforma o equilíbrio entre aqueles que criam e aqueles que exploram conteúdo online. A capacidade de bloquear e monetizar o acesso a dados dá aos editores um verdadeiro poder sobre onde e como as suas obras são utilizadas. Como resultado, muitas empresas de IA precisarão reorganizar as estratégias e processos de aquisição de dados, avançando para uma maior transparência e colaboração com o mundo da publicação.
À medida que o ecossistema digital se adapta a esta mudança de paradigma, é provável que outros grandes players no setor de infraestrutura sigam o exemplo da Cloudflare. Isso poderá desencadear uma nova era na defesa dos direitos digitais, onde aqueles que produzem valor são incentivados e protegidos. Permanecem questões sobre o momento e os métodos de adoção do modelo Pay Per Crawl e os efeitos que isso terá no desenvolvimento de inteligências artificiais.
Num contexto em constante mudança, monitorizar a evolução das estratégias de IA anti-crawler e participar ativamente no debate torna-se essencial para todas as entidades envolvidas. A guerra contra bots não autorizados pode ser apenas o início de uma nova temporada para melhorar a web como um ativo coletivo e sustentável.
Ver original
Esta página pode conter conteúdos de terceiros, que são fornecidos apenas para fins informativos (sem representações/garantias) e não devem ser considerados como uma aprovação dos seus pontos de vista pela Gate, nem como aconselhamento financeiro ou profissional. Consulte a Declaração de exoneração de responsabilidade para obter mais informações.
A Cloudflare bloqueia crawlers de IA: revolução na proteção de conteúdo online
Uma mudança inovadora vem da Cloudflare: o gigante da infraestrutura da Internet bloqueia os principais crawlers de IA para defender o conteúdo online. Esta decisão redefine o equilíbrio entre criadores, empresas de tecnologia e consumidores, prometendo revolucionar a gestão e proteção de dados na web.
Lutar contra crawlers de IA: a decisão da Cloudflare
A Cloudflare lançou, a partir do primeiro de julho, uma ofensiva contra as principais empresas de inteligência artificial que coletam dados de websites sem autorização. Como afirmado pela própria empresa, os crawlers de IA serão bloqueados por padrão em todos os novos sites que adotem a Cloudflare, a menos que os proprietários concedam permissão explícita. No passado, no entanto, eram os gestores dos sites que tinham que excluir ativamente os bots de IA da coleta de seus dados.
Esta inversão de lógica protege mais de 20% da web, a parte coberta pelos clientes da Cloudflare, e responde aos crescentes relatos de lentidões e interrupções causadas por fluxos extraordinários de pedidos automatizados provenientes de bots de grandes nomes de IA como o GPTBot da OpenAI e o ClaudeBot da Anthropic.
Impacto dos crawlers de IA: os números do fenómeno
O volume de tráfego gerado por bots de crawling de IA atingiu níveis impressionantes. Por exemplo, o GoogleBot detectou que a Vercel, um serviço de alojamento em nuvem, recebe mais de 4,5 mil milhões de pedidos por mês desses softwares. Ao contrário dos crawlers normais de motores de busca, os bots de IA tratam os servidores de forma agressiva, visitando as mesmas páginas várias vezes dentro de poucas horas ou bombardeando sites com centenas de pedidos por segundo.
O resultado? Sites mais lentos, dificuldades de acesso para usuários reais e uma sensação generalizada de estar sujeito a uma verdadeira "extração" de conteúdo sem regras ou compensação. Vários editores e empresas, desde a Associated Press até a Condé Nast e a Ziff Davis, denunciou a prática de coleta massiva e não autorizada por parte das grandes tecnologias de IA.
Novas regras e tecnologias para defender os conteúdos
A medida da Cloudflare não se limita a uma proibição superficial. A empresa anunciou de fato o uso de aprendizado de máquina e análise comportamental para detectar até mesmo os chamados "shadow scrapers", bots disfarçados que tentam contornar bloqueios convencionais. Desta forma, não apenas os crawlers declarados, mas também as tentativas mais sofisticadas de scraping serão interceptadas.
Além disso, os fornecedores de IA agora terão de solicitar permissão antes de poderem aceder aos dados, indicando claramente os objetivos de utilização, seja para treino de algoritmos ou funções de pesquisa simples. Assim, a Cloudflare devolve aos editores a capacidade de decidir quem pode interagir com as suas informações.
Os protestos dos principais grupos editoriais favoreceram o nascimento desta nova política. Os atuais sistemas de exclusão, como o tradicional robots.txt, são frequentemente ignorados por bots de IA, que tendem a “minar” a web sem seguir as regras de respeito pela propriedade intelectual digital.
Pagamento por Crawl: rumo a um novo modelo económico para conteúdo
A revolução assinada pela Cloudflare também introduz outra novidade: o programa Pay Per Crawl. Este sistema, atualmente em fase beta privada, permitirá que os editores definam preços de acesso para aqueles que desejam usar o seu conteúdo para fins de treinamento de IA. O acesso será autorizado apenas mediante pagamento, ou negado de outra forma.
Do ponto de vista técnico, a Cloudflare usará o código HTTP 402 "Pagamento Necessário", retornado a crawlers não habilitados. Uma solução potencialmente eficaz, já pronta para implementação graças à sua compatibilidade com os sistemas web existentes.
Reações do mundo da IA e questões regulatórias
A decisão da Cloudflare influencia diretamente as empresas de IA, que até agora têm sido relutantes em pagar licenças ou taxas. Nicholas Thompson, CEO da The Atlantic, enfatizou como até agora as empresas podiam agir com impunidade, enquanto agora terão que negociar e reconhecer a propriedade do conteúdo. Por outro lado, alguns líderes do mundo da tecnologia, como Nick Clegg da Meta, alertam que a introdução de restrições rigorosas pode comprometer o crescimento e a inovação no setor de IA.
O debate também se estende ao nível regulatório. Um relatório do Escritório de Direitos Autorais reconheceu que certos usos de tecnologias generativas podem ser "transformativos". No entanto, a coleta maciça sem consentimento não pode ser considerada uso justo. Uma posição que teve repercussões institucionais significativas, incluindo a substituição imediata do chefe do Escritório de Propriedade Intelectual pela administração Trump.
O futuro da proteção de conteúdo online
A iniciativa da Cloudflare transforma o equilíbrio entre aqueles que criam e aqueles que exploram conteúdo online. A capacidade de bloquear e monetizar o acesso a dados dá aos editores um verdadeiro poder sobre onde e como as suas obras são utilizadas. Como resultado, muitas empresas de IA precisarão reorganizar as estratégias e processos de aquisição de dados, avançando para uma maior transparência e colaboração com o mundo da publicação.
À medida que o ecossistema digital se adapta a esta mudança de paradigma, é provável que outros grandes players no setor de infraestrutura sigam o exemplo da Cloudflare. Isso poderá desencadear uma nova era na defesa dos direitos digitais, onde aqueles que produzem valor são incentivados e protegidos. Permanecem questões sobre o momento e os métodos de adoção do modelo Pay Per Crawl e os efeitos que isso terá no desenvolvimento de inteligências artificiais.
Num contexto em constante mudança, monitorizar a evolução das estratégias de IA anti-crawler e participar ativamente no debate torna-se essencial para todas as entidades envolvidas. A guerra contra bots não autorizados pode ser apenas o início de uma nova temporada para melhorar a web como um ativo coletivo e sustentável.