Os Real World Assets (RWA), ou ativos reais, correspondem à tokenização ou digitalização de ativos financeiros tradicionais, que passam a integrar o ecossistema de blockchain e criptomoedas. Entre estes ativos contam-se obrigações, imóveis, obras de arte, matérias-primas, ações e propriedade intelectual. Recorrendo à tecnologia blockchain, estes ativos físicos podem ser convertidos em tokens digitais fracionáveis e negociáveis, tornando acessíveis e negociáveis ativos que, de outra forma, seriam ilíquidos ou apresentariam grandes barreiras de entrada. O advento dos RWA assinala uma convergência acelerada entre as finanças convencionais e a tecnologia blockchain, abrindo novas possibilidades de gestão, investimento e negociação de ativos.
No contexto do impacto de mercado, a tokenização de ativos reais está a modificar profundamente o funcionamento dos mercados financeiros tradicionais. Em primeiro lugar, potencia significativamente a liquidez dos ativos, permitindo a compradores e vendedores negociar ativos de grande valor que, até agora, eram difíceis de dividir. Por exemplo, um imóvel avaliado em vários milhões pode ser fracionado em milhares de tokens, cada um representando uma participação individual na propriedade. Em segundo lugar, os RWA reduzem as barreiras de acesso ao investimento, possibilitando que investidores particulares aproveitem oportunidades antes reservadas a instituições ou a indivíduos de elevado património. Em terceiro lugar, graças à implementação de contratos inteligentes, a gestão de ativos, a distribuição de rendimentos e a liquidação de transações tornam-se mais automatizadas e transparentes, o que elimina etapas intermediárias e diminui custos. Atualmente, o mercado dos RWA é ainda relativamente pequeno, mas está a crescer rapidamente, com diversas instituições financeiras de referência a explorar e aplicar a tecnologia blockchain na tokenização de ativos tradicionais.
Apesar das vantagens potenciais, os RWA enfrentam riscos e desafios significativos. Em primeiro plano surge a questão da conformidade regulatória, já que os enquadramentos jurídicos para a tokenização de ativos permanecem incompletos ou divergem entre países e regiões, o que pode gerar riscos legais. Outro desafio reside na ligação entre ativos on-chain e off-chain, nomeadamente na garantia de correspondência fidedigna entre tokens digitais e ativos físicos, e na salvaguarda de direitos quando os ativos sofrem alterações ou danos. Acrescem os riscos de segurança, uma vez que vulnerabilidades em contratos inteligentes, ou perdas e roubos de chaves privadas, podem provocar perdas de ativos dos investidores. Por último, a aceitação de mercado e os desafios de liquidez continuam a ser relevantes, pois muitos projetos RWA encontram-se numa fase embrionária, com volumes de negociação reduzidos, falta de liquidez e mecanismos de descoberta de preços ainda pouco desenvolvidos.
Com vista ao futuro, a tokenização de ativos reais está posicionada para um crescimento acelerado. À medida que os enquadramentos regulatórios evoluem, é expectável que mais instituições financeiras tradicionais entrem no setor, transferindo ativos de maior dimensão para a blockchain. Do ponto de vista tecnológico, o progresso na interoperabilidade entre diferentes blockchains irá permitir que RWA circulem entre várias redes, expandindo o seu alcance e aplicação. Anteveem-se também produtos financeiros híbridos inovadores que combinam as vantagens dos instrumentos tradicionais com a tecnologia blockchain. A entrada de investidores institucionais deverá aumentar, promovendo maior liquidez e estabilidade no mercado. Com o reforço da infraestrutura e a melhoria da experiência do utilizador, os RWA tenderão a deixar de ser um nicho apenas para entusiastas de criptomoedas, tornando-se peça fundamental do sistema financeiro convencional e promovendo a integração profunda entre as finanças tradicionais e o universo blockchain.
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